Retorno às atividades após cirurgia por vídeo

Tempo para retornar às atividades após discectomia endoscópica: meu guia individualizado para pacientes.

Um dos questionamentos que mais escuto no consultório é:
“Doutor, quando vou poder voltar a treinar ou fazer minhas atividades físicas depois da cirurgia?”

Se você passou (ou vai passar) por uma discectomia endoscópica (cirurgia por vídeo para tratamento de hérnia de disco), entenda que o retorno à prática de exercícios não tem uma fórmula exata. O tempo pode variar bastante de pessoa para pessoa. E como ortopedista especialista em coluna, eu sempre reforço: cada recuperação é única e deve ser respeitada.

Neste guia, compartilho com você como costumo orientar meus pacientes após esse procedimento — sempre com base em evidências e com foco na segurança da reabilitação.

O que é a discectomia endoscópica e por que ela facilita o retorno?

A discectomia endoscópica é uma cirurgia minimamente invasiva que realizo para remover hérnias de disco que estão comprimindo raízes nervosas. Por ser menos agressiva aos tecidos ao redor da coluna, ela tende a proporcionar:

  • Recuperação mais rápida

  • Menor dor no pós-operatório

  • Retorno mais precoce às atividades leves

  • Alta hospitalar com menos de 12 a 24h após a cirurgia

Mas isso não significa que você pode voltar à rotina como se nada tivesse acontecido. É fundamental respeitar cada fase da recuperação.

Fase 1: Primeiros dias pós-cirurgia – foco total na recuperação

Nos primeiros dias após o procedimento, meu foco com o paciente é um só: controle da dor e prevenção de complicações.

Nesta fase:

  • O repouso relativo é importante (evitar esforço, levantar com cuidado)

  • Caminhadas são liberadas com minha orientação

  • Atividades físicas intensas devem ser totalmente evitadas

Essa é a hora de escutar o corpo e não forçar nenhum movimento.

Fase 2: Retorno gradual às atividades leves

Após a primeira ou segunda semana, conforme a evolução clínica, começamos a introduzir atividades leves, como:

  • Caminhadas ao ar livre

  • Alongamentos para ganho de mobilidade

  • Exercícios de fortalecimento com progressão gradual.

Cada avanço é feito com critério e sempre sob orientação profissional, principalmente com a ajuda da fisioterapia.

Fase 3: Reabilitação personalizada com fisioterapia

Eu sempre encaminho meus pacientes para um fisioterapeuta de confiança, porque a reabilitação guiada faz toda a diferença na qualidade do retorno.

Nessa etapa, trabalhamos:

  • Mobilidade progressiva da coluna para retorno da amplitude de movimento prévia

  • Fortalecimento do core abdominal (músculos estabilizadores)

  • Reeducação postural e treino de propriocepção (equilíbrio)

  • Controle da dor durante o movimento

A fisioterapia é individualizada — nada de protocolos engessados ou exercícios genéricos de internet.

Fase 4: Atividades físicas com baixo impacto

Com cerca de 4 a 8 semanas, muitos pacientes já conseguem praticar:

  • Yoga;

  • Pilates;

  • Bicicleta ergométrica;

  • Exercícios de fortalecimento como musculação (respeitando os limites da dor).

Essas atividades são ótimas para recuperar a estabilidade da coluna sem sobrecarregá-la.

Fase 5: Retorno às atividades mais intensas

Atividades como:

  • Corrida;

  • Crossfit ou funcional;

  • Futebol, vôlei, tênis;

  • Musculação com carga elevada.

…só devem ser reintroduzidas após liberação médica personalizada, o que pode acontecer entre 2 a 4 meses após a cirurgia, dependendo da evolução de cada paciente.

Se houver dor, formigamento, rigidez ou qualquer sinal de alarme, paramos imediatamente e reavaliamos o plano.

Escute seu corpo: ele dá sinais antes de chegar no limite

Durante todo o processo de recuperação, oriento meus pacientes a prestar atenção aos sinais do corpo:

  • Sentiu dor durante ou após o exercício? Reduza o ritmo.

  • Surgiu formigamento ou fraqueza? Interrompa e me avise.

  • Dormiu mal ou sentiu travamento ao acordar? Hora de ajustar o plano.

A recuperação segura exige escuta ativa, paciência e consistência.

Cada paciente tem seu tempo — e tudo bem

Não existe “prazo fixo” para voltar à academia, correr 5 km ou jogar futebol. O tempo depende de:

  • Local da hérnia (cervical ou lombar)

  • Grau de inflamação e compressão anterior à cirurgia

  • Nível de atividade física prévia

  • Disciplina com a reabilitação pós-operatória

E é exatamente por isso que cada paciente recebe um plano individualizado, que acompanha sua evolução de perto.

Conclusão

Voltar à vida ativa após uma discectomia endoscópica é um processo possível — e, na maioria dos casos, mais rápido do que você imagina. Mas para garantir que esse retorno seja seguro, eficaz e duradouro, ele precisa ser planejado e acompanhado de perto.

Se você está se preparando para a cirurgia ou quer entender melhor seu processo de recuperação, marque uma consulta comigo. Juntos, vamos construir um plano que respeita o seu corpo e te devolve a confiança em cada movimento.

Dr. Guilherme Costa

Ortopedia e Traumatologia
Cirurgia de Coluna

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