Existem 2 tipos de escoliose, uma deformidade da coluna que pode acometer crianças e adolescentes (chamada escoliose idiopática), assim como adultos e idosos.
Falarei sobre 3 pontos principais:
Mas, para facilitar o entendimento, inicialmente vou explicar um pouco sobre a anatomia normal, com foco nos alinhamentos normais da coluna vertebral. Continue a leitura, ou assista a seguir para entender mais sobre o tema.
A coluna pode ser vista em dois planos: pela frente (uma análise anteroposterior), chamado alinhamento coronal, e pelo lado (uma análise de perfil), chamada de alinhamento sagital.
O alinhamento natural da coluna na visão pela frente é uma reta.
Enquanto visto de lado no perfil apresenta curvaturas chamadas de lordose (na região lombar e na região cervical) e de cifose (na coluna torácica e na região sacral).
A presença de qualquer alteração do alinhamento em um dos planos é chamada de deformidade da coluna. Mais especificamente, a escoliose é uma deformidade complexa, que provoca uma alteração tridimensional.
Que ela provoca alteração nos três planos da coluna.
Até agora eu comentei sobre 2 planos: o plano frontal, o alinhamento coronal, e o plano lateral, o alinhamento sagital. Porém, a escoliose também apresenta uma rotação das vértebras, que é vista no plano axial.
Essa rotação é vista, indiretamente, pela rotação das costelas (que ficam saltadas de um dos lados) e pela proeminência da escápula quando inclinamos o tronco para frente mantendo as pernas estendidas, como se fossemos encostar a mão no chão sem dobrar os joelhos e os quadris, que é um teste chamado teste de Adams.
A deformidade vista de frente, que são as alterações do alinhamento coronal, muitas vezes é conhecida por provocar um “S” na coluna.
Entretanto, é importante saber que a escoliose também provoca alterações no alinhamento sagital, no perfil, e, muitas vezes, temos alterações como perda da lordose lombar ou perda da cifose torácica, deixando a coluna “mais reta” quando vista de perfil.
Clinicamente, observamos uma pessoa com uma alteração de postura, que geralmente é de fácil percepção. As alterações clínicas observadas em um paciente com escoliose podem provocar alterações comportamentais e psíquicas, muitas vezes com sentimento de vergonha de sair de casa, de praticar atividade física sem vestimentas, como natação e, em casos mais graves, até depressão.
Muitas vezes, as pessoas com esse acometimento tendem a preferir roupas mais largas, de forma a “esconder” essa alteração.
Antigamente, durante a avaliação escolar na educação física, era comum o professor observar essa alteração e recomendar aos pais a procura de um profissional.
É importante os pais estarem sempre atentos ao crescimento dos filhos e filhas para que, nos primeiros sinais de alteração postural, procurem avaliação médica.
Algumas dessas alterações são:
Desalinhamento do tronco, que fica inclinado para um dos lados (gerando uma assimetria do triângulo de talhe, que é o espaço formado entre o tronco e os braços em repouso ao lado do corpo quando o paciente é visto de costas).
A confirmação diagnóstica envolve a realização de exames de imagem, como radiografias panorâmicas da coluna, assim como exames complementares, como ressonância magnética e tomografia computadorizada.
Como os mecanismos que levam a deformidade são diferentes, comentarei agora separadamente dos tipos de escoliose que encontramos com maior frequência em cada faixa etária. Iniciarei falando sobre a escoliose idiopática do adolescente e após comentarei sobre a escoliose degenerativa do adulto.
A escoliose idiopática do adolescente tem como base principal para sua ocorrência uma alteração genética. Logo, a criança nasce com essa tendência, esse risco, e, na fase de crescimento (a chamada fase de estirão do crescimento), é que vemos o aumento dessa deformidade. Sobre as escolioses iniciadas antes dos 10 anos ou com outras causas de base, falarei especificamente em outros conteúdos.
Por definição, a escoliose idiopática do adolescente é a deformidade que se inicia após os 10 anos de idade e são muito mais frequentes no sexo feminino. Dito isso, uma informação importante a ser observada é a idade da primeira menstruação nas meninas. Esse evento costuma ser um bom parâmetro para avaliar o potencial de crescimento futuro da paciente e, dessa forma, conseguimos prever o potencial de aumento de eventuais curvaturas da escoliose.
É importante lembrar também que meninos e meninas apresentam pico de crescimento na adolescência em fases diferentes, com as meninas iniciando o crescimento de forma mais precoce.
O diagnóstico da escoliose é feito através de uma radiografia panorâmica da coluna. A realização adequada da radiografia panorâmica é capaz de capturar toda a coluna vertebral, desde a transição do crânio com a coluna cervical até a bacia, de forma e avaliar o real alinhamento, tanto na visão anteroposterior quanto na vista lateral.
As curvas são classificadas segundo o local do acometimento principal, podendo ser: torácica proximal, torácica ou toracolombar/lombar, lembrando que elas podem ocorrer de forma isolada, ou seja, uma curvatura única, ou em combinação de 2 ou mesmo as 3 curvas.
Outros exames, como ressonância magnética, tomografia computadorizada e exames mais modernos, como o EOS (onde conseguimos avaliar a coluna vertebral em 3D) são complementares à radiografia panorâmica e são importantes no planejamento cirúrgico. Esses exames se tornam ainda mais importantes em casos com rápida progressão da curvatura, com alto grau (grandes angulações), curvas com apresentação fora do habitual (curvas anômalas) ou quando o exame físico ainda gera dúvidas.
De forma geral, dividimos as opções de tratamento para escoliose em 3 grupos, de acordo com o grau da curvatura identificada:
São consideradas curvas pequenas as quais mantemos em observação com consultas e radiografias periódicas.
Nesse momento, exercícios físicos, como natação, que auxiliam no desenvolvimento muscular, e RPG (reeducação postural global) podem colaborar na estabilização da curva.
Se o paciente ainda apresentar potencial de crescimento, ou seja, ainda não passou pela fase de estirão do crescimento, o uso de coletes para evitar a progressão é indicado (em pacientes mais velhos, que já atingiram a maturidade esquelética, há risco menor de progressão).
A maturidade óssea pode ser avaliada de algumas formas, através da radiografia da bacia e da radiografia da mão e punho.
É importante reforçar que o colete não tem o objetivo de melhorar a curvatura, mas sim de evitar a progressão, a piora do quadro. Em alguns casos, o colete até ajuda a melhorar a curvatura, mas não é sempre e, por isso, não colocamos essa expectativa quando indicamos o uso do colete.
Atividade como RPG também são indicadas nesse momento em curvas flexíveis.
Quando atingimos esse grau de curvatura, a progressão tende a ocorrer independente das medidas que adotemos de tratamento.
Nesses casos, de forma geral, a cirurgia está indicada com o objetivo primário de estabilizar a curvatura e evitar a progressão do quadro.
No planejamento cirúrgico, é importante definir se a curva é estruturada (fixa) ou não estruturada (flexível). Esse fator é importantíssimo para definição dos níveis que serão artrodesados, ou seja, dos níveis que serão escolhidos para serem fixados durante a cirurgia.
Na cirurgia, o objetivo primário é promover a correção parcial da deformidade através de um método chamado derrotação da curva.
O principal objetivo na correção da escoliose é, além da correção da curva, evitar a progressão da deformidade, que acarreta complicações principalmente dos órgãos da caixa torácica, como o coração e os pulmões.
Toda cirurgia para correção de escoliose necessita de uma monitorização neurofisiológica, que é um método de segurança para evitar lesões neurológicas durante a cirurgia. Dessa forma, o risco de complicações neurológicas nas cirurgias é baixo, girando em torno de 0,5%.
Outras medidas cruciais para uma cirurgia segura são avaliação pré-operatória adequada, cuidados no posicionamento do paciente para cirurgia e aprimoramento da técnica cirúrgica.
O paciente com escoliose, excetuando-se a deformidade da coluna, é um indivíduo saudável e pode realizar as atividades físicas e recreacionais normalmente. Isso também auxilia nas interatividades entre os adolescentes e ajuda a evitar o afastamento social que a deformidade pode causar no paciente com escoliose.
A escoliose observada em pacientes adultos e idosos tem duas causas principais:
Como já comentei anteriormente sobre a escoliose idiopática do adolescente e disse que, em casos nos quais essa deformidade não foi diagnosticada na adolescência ela pode ser considerada como causa para a escoliose do adulto, irei agora focar na segunda causa, que são as degenerações dos discos provocando deformidade na coluna.
A escoliose degenerativa do adulto (que engloba também a 3ª idade, ou seja, os idosos) geralmente é identificada em indivíduos mais velhos, normalmente entre os 50 e 60 anos de idade.
Com o aumento da expectativa de vida, esse problema se torna cada vez mais comum, embora pequenas deformidades e alterações na postura do paciente geralmente sejam assintomáticas.
Esses indivíduos geralmente têm alterado o seu centro de gravidade, que provoca impacto direto na postura e na marcha, além do impacto na qualidade de vida, por provocar dor, limitações de movimento, dificuldade para se deslocar e, a depender da região acometida, até limitação da visão por uma deformidade cervical.
O princípio para a evolução da escoliose degenerativa é a combinação das alterações degenerativas observadas na coluna, sendo as mais comuns a degeneração do disco intervertebral, a artrose nas facetas articulares (ou simplesmente nas articulações das vértebras) e a estenose do canal medular. A somatória dessas alterações leva a um desvio lateral de uma vértebra sobre a outra, chamada listese lateral, que, com sua progressão, leva à formação da deformidade chamada de escoliose degenerativa.
Dessa forma, além das radiografias (tanto as radiografias mais específicas do local acometido, como a coluna lombar, torácica ou cervical, assim como a radiografia panorâmica da coluna total), ressonância magnética e tomografias são exames importantes no planejamento do tratamento.
Sobre as alterações degenerativas dos discos, do canal vertebral e das articulações mais especificamente eu comento em outros conteúdos.
Mas, agora, vou me ater ao ponto onde essas alterações acabam provocando deformidades e curvaturas na coluna vertebral.
Os objetivos do tratamento vão desde controle da dor com medicação, fisioterapia, reeducação postural e atividades físicas, em casos mais leves, até correção cirúrgica em quadros mais graves.
Em casos cirúrgicos, é fundamental a avaliação do alinhamento total da coluna a fim de corrigir não somente a deformidade da coluna, mas com o objetivo primordial de corrigir o alinhamento global da coluna.
Vale ressaltar que, mesmo recebendo o mesmo nome da deformidade na adolescência chamada escoliose, em adultos e, principalmente, idosos, o alinhamento da coluna é diferente, pois depende da interação com a musculatura (que, sabidamente, é mais frágil e fraca nos idosos).
Para restabelecer o alinhamento da coluna, diversas técnicas podem ser utilizadas, a depender do local alterado. Cirurgias pela via anterior (abdominal), lateral (pela musculatura lateral do abdome) ou posterior (na região lombar e torácica) podem ser utilizadas isoladamente ou em conjunto para a adequada correção do alinhamento.
São cirurgias de grande porte e, em grande parte, é necessária a reserva de leito em terapia intensiva (UTI) e reserva de sangue, caso seja necessário realizar uma transfusão sanguínea.
A monitorização neurofisiológica também é importante para reduzir o risco de eventuais complicações neurológicas durante a cirurgia para corrigir a deformidade.
A recuperação pós-operatória envolve fisioterapia para a reabilitação, com exercícios de fortalecimento muscular, alongamento e reeducação postural. Em geral, um seguimento regular é necessário para acompanhar a reabilitação e evitar complicações no pós-operatório.
Sobre
Bem-vindo ao consultório do Dr. Guilherme Costa, ortopedista especialista em cirurgia da coluna vertebral com uma abordagem diferenciada e foco no bem-estar do paciente. Com uma sólida formação acadêmica em instituições de renome, traz consigo um vasto conhecimento aliado à experiência prática, garantindo um tratamento de excelência. Sua expertise é marcada pela aplicação de técnicas modernas e minimamente invasivas, visando não apenas tratar as condições ortopédicas, mas também minimizar o desconforto e o tempo de recuperação dos pacientes.
Além disso, o compromisso do Dr. Guilherme Costa com a atualização constante reflete-se em sua prática clínica, onde ele se mantém atualizado com os avanços mais recentes da cirurgia da coluna. Seu objetivo principal é oferecer um cuidado personalizado e eficaz, focado na busca do alívio das dores e na melhoria da qualidade de vida de cada paciente. Aqui, você encontrará um ambiente acolhedor e profissional, onde sua saúde e bem-estar são prioridade.
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