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Degeneração Discal e Hérnia de Disco

Nesta página vou comentar sobre 2 das causas mais frequentes que se apresentam com sintomas de dor lombar, que podem ser provocadas pelas alterações nos discos intervertebrais.

Em relação a isso, comentarei sobre as características clínicas, os exames de imagem para diagnóstico e as opções de tratamento de duas das patologias mais comuns que acometem a coluna lombar e têm origem nos discos e as articulações intervertebrais:

  1. Degeneração do disco intervertebral;
  2. Hérnia de disco.

Para iniciar e facilitar o entendimento, vou explicar um pouco sobre a anatomia normal, com foco nas estruturas ósseas e nos ligamentos. Se preferir, assista abaixo os vídeos que preparei sobre os temas!

ANATOMIA

coluna lombar possui uma curvatura fisiológica chamada lordose. Ela é composta de 5 vértebras e faz a ligação entre a coluna torácica e o sacro, na bacia.

curvatura fisiológica chamada lordose

coluna cervical possui uma curvatura fisiológica também de lordose. Ela é composta de 7 vértebras e faz a ligação entre o crânio e a coluna torácica

curvatura fisiológica chamada cifose

coluna torácica possui uma curvatura fisiológica chamada cifose, composta de 12 vértebras, que fazem a conexão entre a coluna cervical e a coluna lombar. Conectada a cada uma dessas vértebras, através de uma articulação, de cada lado do corpo vertebral, temos os 12 pares de costelas.

discos intervertebrais

Entre as vértebras, temos os discos intervertebrais, que são responsáveis por absorver o impacto do movimento. Os discos são divididos em duas estruturas: o ânulo fibroso ou anel fibroso e o núcleo pulposo.

núcleo pulposo é uma estrutura gelatinosa, responsável pela absorção da carga a qual o disco é submetido. O ânulo fibroso é uma estrutura mais resistente, que circunda todo o núcleo e é responsável por manter o material contido dentro do disco.

discos são comprimidos entre duas vértebras

Os discos são comprimidos entre duas vértebras pela simples atuação da gravidade e essa pressão aumenta com atividades que exigem esforço físico, impacto ou, até mesmo, má postura.

Aproveitando esse ponto, começamos a falar da degeneração do disco intervertebral e da formação da hérnia de disco. Falamos desses dois acometimentos porque a hérnia de disco é uma consequência da evolução de um disco que, inicialmente, era um disco degenerado ou desgastado, ou seja, perde a sua formação original.

Coluna com evolução do desgaste dos discos

genética apresenta grande influência na tendência de evolução para desgastes do disco. Junto a ela, temos os fatores de risco

  • Esforços repetitivos;
  • Carregamento de peso;
  • Má postura;
  • Tabagismo;
  • Traumas;
  • Sobrepeso;
  • Obesidade.

O evento inicial que ocorre nesses casos é um machucado no ânulo fibroso, levando à formação de uma protusão no disco intervertebral. Essa protrusão pode ser pequena ou grande e pode comprimir ou não as raízes nervosas. 

Com a continuidade das lesões, o ânulo fica cada vez mais frágil, provocando uma ruptura, com extravasamento do material gelatinoso (o núcleo pulposo), formando a tão conhecida hérnia de disco

Comparação disco saudável e hérnia de disco

HÉRNIA DE DISCO

A hérnia de disco pode se situar em 4 posições: central, paramediana ou recesso lateral, foraminal ou extra-foraminal. 

Posições de uma hérnia de disco

De forma geral, as hérnias localizadas no recesso lateral ou em posição foraminal são as mais associadas a sintomas neurológicos, podendo levar a dores irradiadas para os membros. 

As hérnias centrais normalmente acometem as raízes descendentes, que estão passando no meio do canal e sairão em níveis inferiores ao do acometimento da hérnia, enquanto as hérnias localizadas no recesso lateral ou em posição foraminal acometem as raízes que estão saindo do canal para o forame intervertebral, no mesmo nível.

Na região lombar, gera os sintomas conhecidos como dor no nervo ciático, que são sintomas irradiados da região lombar para o glúteo, coxa, perna e pé. 

Ciática

Na região cervical, gera sintomas chamados de cervicobraquialgia, que são sintomas de irradiação da região cervical para os ombros, braços, antebraços e mãos.

Cervicobraquialgia

Quando o desgaste do disco ocorre por tempo mais prolongado, sem um evento agudo que leve o paciente e procurar atendimento médico, é comum encontrarmos alterações nos platôs vertebrais, que fazem contato e transmitem a carga para os discos intervertebrais. Esses locais podem machucar e, também, serem a causa da dor do paciente, por fazerem parte das estruturas que fazem o movimento da coluna.

RM sagital lombar com degeneração + hérnia

EXAME FÍSICO E EXAMES DE IMAGEM

O exame médico é fundamental para rastrear fatores considerados como sinais de alarme: 

  • Alteração na força motora;
  • Alterações de sensibilidade;
  • Perda de peso não associada à dieta alimentar;
  • Febre persistente sem uma causa;
  • Dor durante período noturno;
  • Alterações do controle da urina ou das fezes.

É importante identificar se as dores são de origem radicular (de origem da raiz, como a dor do nervo ciático), axial (por alterações degenerativas do disco ou artrose/desgaste das articulações) ou de causa mista.


A correta identificação da causa da dor é fundamental para o tratamento adequado.

Os exames de imagem são peça-chave na avaliação das estruturas da coluna. Radiografias (RX) e ressonância magnética são os exames mais frequentemente necessários para a avaliação. Outros exames, como a tomografia computadorizada e a eletroneuromiografia, podem ser solicitados a depender da suspeita clínica.

Nas radiografias, os achados mais frequentes dessas alterações são estreitamento do espaço discal entre duas vértebras, com esclerose das bordas ósseas e formação de osteófitos, os chamados bicos de papagaio. 

RX sagital lombar com osteófito – bico de papagaio

Na ressonância magnética, encontramos alterações na colocação do disco intervertebral (normalmente, o disco apresenta uma coloração cinza, um pouco mais clara que a coloração do corpo da vértebra).

Comparação discos normais x discos degenerados

No disco degenerado, há perda de água e, assim, o disco passa a apresentar uma coloração mais escura, preta), além de protusão ou abaulamento do disco, ruptura do ânulo com extravasamento do núcleo pulposo (a hérnia de disco), alterações nos platôs vertebrais (que pelo edema, que é o inchaço do osso secundário a trauma, provocado pela incapacidade de absorção adequada do impacto pelo disco intervertebral, se torna mais branco ou um cinza mais claro que o restante do corpo vertebral). 

TRATAMENTO

Tendo passado as principais alterações encontradas, partimos para a decisão sobre o tratamento a ser adotado para cada paciente. Sempre devemos levar em conta as queixas clínicas do paciente, pois sabemos que, por exemplo, em pacientes acima dos 60 anos, se realizada uma ressonância magnética da coluna, iremos encontrar alterações em 100% deles, o que não quer dizer que todos precisam ser operados. Muito pelo contrário, a minoria dos pacientes terá alguma indicação cirúrgica.

De forma geral, temos três opções de tratamento:

  1. Tratamento não cirúrgico com medicação, acupuntura, fisioterapia e Reeducação Postural Global (RPG);
  2. Realização de infiltração;
  3. Tratamento cirúrgico. 

Dentre as opções de tratamento, comentarei um pouco sobre cada uma.

Sobre os tratamentos não cirúrgicos, os principais objetivos são alívio da dor no momento agudo, permitindo a transição para exercícios de alongamento e fortalecimento para evitar a recorrência do quadro. 

De forma geral, adotamos um combinado que inclui mais do que uma dessas medidas isoladamente, com o intuito de promover uma melhora considerável no controle da dor e fornecer um alívio suficiente para uma reabilitação física adequada. Essa etapa do tratamento é de suma importância, pois o insucesso do controle dos sintomas nesse momento nos leva a seguir a linha de tratamento com outras etapas mais invasivas.

Em casos selecionados, com alterações menos graves, podemos lançar mão de um procedimento chamado infiltração. É um procedimento realizado no centro cirúrgico, com o paciente acordado ou com uma sedação leve. Com o auxílio de um RX, posicionamos uma agulha próximo à saída dos nervos e aplicamos uma medicação analgésica. 

Uma infiltração é considerada bem-sucedida no controle dos sintomas quando o paciente permanece de 6 a 12 meses sem dor, sempre lembrando que, após a infiltração, o paciente deverá seguir um programa de reabilitação física adequado. O insucesso do controle dos sintomas após essa medida nos leva a seguir a linha de tratamento com a última opção, uma cirurgia.

Quando encontramos alterações degenerativas dos discos avançadas, que não tiveram seus sintomas controladas com as medidas comentadas antes, sem a presença de hérnias de disco ou alterações das estruturas posteriores, podemos realizar uma cirurgia por uma via única.

Cervical com degeneração

Na região cervical, geralmente optamos pela via anterior (pela frente do pescoço) e na região lombar podemos fazer uma cirurgia por via anterior (pela barriga, com um corte semelhante ao utilizado para realizar cirurgias cesarianas na gestação) ou por via posterior (por trás, pelas costas). 

Quando encontramos múltiplos níveis com alterações degenerativas, podemos optar por uma cirurgia por dupla via, ou seja, uma abordagem anterior e outra posterior no mesmo tempo cirúrgico ou através de uma cirurgia com corte único posterior.

Em casos de hérnias de disco isoladas, sem outras alterações de desgaste, podemos realizar uma cirurgia mais simples, apenas para remoção da própria hérnia. Nesses casos, a cirurgia é realizada com acesso posterior, pelas costas. Para tal procedimento, existem duas opções: a cirurgia convencionalaberta, que geralmente é realizada com um corte cirúrgico de aproximadamente 5 a 7 centímetros ou uma cirurgia minimamente invasiva, por endoscopia, que geralmente envolve 2 pequenos cortes de aproximadamente 1 centímetro.

RM sagital lombar – hérnia de disco para microdiscectomia

A escolha pela técnica mais adequada deve levar em conta qual a alteração encontrada e o número de níveis alterados, assim como características de cada paciente.

Gostou deste conteúdo? Espero que as explicações tenham ajudado no entendimento das características clínicas, dos exames de imagem para diagnóstico e as opções de tratamento desses problemas na coluna e facilitam a escolha do tratamento mais adequado.

Para mais conteúdos, continue acompanhando a central educativa

Sobre

Dr. Guilherme Costa​

Ortopedista especialista em cirurgia de coluna
CRM-SP: 167.997 / TEOT 16.491 / RQE 80.813

Bem-vindo ao consultório do Dr. Guilherme Costa, ortopedista especialista em cirurgia da coluna vertebral com uma abordagem diferenciada e foco no bem-estar do paciente. Com uma sólida formação acadêmica em instituições de renome, traz consigo um vasto conhecimento aliado à experiência prática, garantindo um tratamento de excelência. Sua expertise é marcada pela aplicação de técnicas modernas e minimamente invasivas, visando não apenas tratar as condições ortopédicas, mas também minimizar o desconforto e o tempo de recuperação dos pacientes.

Além disso, o compromisso do Dr. Guilherme Costa com a atualização constante reflete-se em sua prática clínica, onde ele se mantém atualizado com os avanços mais recentes da cirurgia da coluna. Seu objetivo principal é oferecer um cuidado personalizado e eficaz, focado na busca do alívio das dores e na melhoria da qualidade de vida de cada paciente. Aqui, você encontrará um ambiente acolhedor e profissional, onde sua saúde e bem-estar são prioridade.