Voltando ao esporte após uma discectomia endoscópica

Como planejo a retomada com meus pacientes?

Se você passou por uma discectomia endoscópica e está se perguntando quando poderá voltar a treinar, correr ou praticar esportes, saiba que essa é uma das dúvidas mais comuns no meu consultório.

Sou o Dr. Guilherme Costa, ortopedista especialista em coluna, e acompanho de perto o retorno de muitos pacientes à vida ativa depois de procedimentos minimamente invasivos como a discectomia. A boa notícia é que sim, o retorno ao esporte é possível — desde que seja feito de forma gradual, estruturada e personalizada.

Neste artigo, vou te explicar, passo a passo, como deve ser feita essa progressão. E mais importante: quando cada fase pode (ou não) ser iniciada, com segurança.

Por que a discectomia endoscópica permite um retorno mais rápido?

A discectomia endoscópica é um procedimento minimamente invasivo indicado para hérnias de disco que causam compressão dos nervos, levando a dor, formigamento ou fraqueza. Com o uso do endoscópio, conseguimos remover a hérnia com mínima agressão aos tecidos, resultando em:

  • Menos dor no pós-operatório

  • Menor tempo de internação

  • Recuperação mais rápida

  • Risco reduzido de complicações

Mas apesar de ser minimamente invasiva, ainda assim é uma cirurgia de coluna — e exige respeito às fases de cicatrização e adaptação do corpo.

Retorno à atividade física: minha orientação de progressão

Abaixo, compartilho um guia que costumo seguir com meus pacientes no retorno à prática esportiva. Importante: cada caso pode ter adaptações de acordo com a idade, tipo físico, esporte praticado e grau de comprometimento pré-operatório.

Fase 1 – Semana 1 a 2: Recuperação e prevenção de complicações

Objetivo: Reduzir dor, esperar a cicatrização, preservar a mobilidade e estimular a circulação.

Atividades indicadas:

  • Caminhadas leves e curtas (dentro de casa ou pequenos trechos ao ar livre)

  • Exercícios respiratórios profundos

  • Evitar esforços excessivos e evitar carregar pesos desnecessários

  • Nada de academia, impacto ou exercícios com flexão excessiva do tronco

Essa é a fase de se reconectar com seu corpo e entender os limites pós-cirurgia.

Fase 2 – Semana 3 a 4: Controle da inflamação e início do movimento

Objetivo: Reduzir inflamação residual e progredir mobilizações.

Atividades indicadas:

  • Exercícios isométricos leves para o core (abdômen e lombar)

  • Movimentos de flexão e extensão da coluna, com supervisão

  • Exercícios de respiração + alongamento de membros inferiores (sem sobrecarga na coluna)

  • Retorno progressivo às caminhadas ao ar livre, sempre sem dor

Nessa fase, trabalhamos mais o controle postural e ativamos os músculos que protegem a coluna.

Fase 3 – Semana 5 a 8: Mobilidade e flexibilidade

Objetivo: Restaurar amplitude de movimento e diminuir rigidez muscular.

Atividades indicadas:

  • Alongamentos suaves e progressivos (com foco em cadeia posterior)

  • Introdução de atividades em meio aquático (como hidroginástica ou natação leve)

  • Trabalhos posturais e início de atividades de fortalecimento (ex: RPG ou pilates clínico)

  • Bicicleta ergométrica com ajuste de postura e intensidade leve

Aqui o paciente já se sente mais solto, com menos medo do movimento — o que é essencial para evoluir com segurança.

Fase 4 – Semana 9 a 12: Fortalecimento gradual e controle motor

Objetivo: Fortalecer a musculatura estabilizadora da coluna e preparar para esportes específicos.

Atividades indicadas:

  • Exercícios de força com elásticos ou peso leve (sob orientação profissional)

  • Fortalecimento de glúteos, abdômen e paravertebrais

  • Treinos de equilíbrio e propriocepção

  • Aumento da intensidade aeróbica de forma progressiva

Neste ponto, os pacientes começam a se sentir mais confiantes e seguros para pensar no retorno à rotina esportiva.

E o retorno ao esporte intenso? Quando acontece?

Atividades como corrida, musculação pesada, futebol, vôlei ou tênis só devem ser retomadas após liberação médica individual, normalmente a partir da 13ª semana (ou 3 meses), com acompanhamento de fisioterapeuta e educador físico.

É comum que a volta ao esporte deva ser adaptada, começando com treinos técnicos, sem impacto, até que a musculatura esteja estável.

Conclusão

Voltar ao esporte após uma discectomia endoscópica é totalmente possível — e costumo acompanhar pacientes que, com o tempo e a orientação certa, voltam até melhor do que estavam antes da cirurgia.

Se você está se recuperando de uma cirurgia na coluna e deseja voltar a treinar com segurança, marque uma avaliação comigo. Vamos juntos traçar um plano realista, individualizado e eficaz para sua recuperação completa.

Dr. Guilherme Costa

Ortopedia e Traumatologia
Cirurgia de Coluna

Compartilhe este artigo

Deixe um comentário

Artigos em destaque

Políticas de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.